Imagem mostra uma pessoa usando luvas e segurando alicate para cortar materiais em obra de licitação de projetos de engenharia
Obras Públicas

Licitação de projetos de engenharia: entendendo a necessidade pública

Tempo de leitura: 20 min.

A formalização de compras públicas, em geral, representa um grande desafio. Em especial quando se trata de preparar o órgão público para atender a novos dispositivos, como é o caso da nova lei de licitação de projetos de engenharia que exige o uso da metodologia BIM nas obras.

O primeiro desafio, nesse caso, é o correto entendimento do dispositivo legal citado, que prevê “preferencialmente” o uso do BIM, no caso de obras e serviços de engenharia e arquitetura contratados pelo setor público. Isso, na prática, implica em obrigatoriedade, ou em uma muito bem justificada e fundamentada explicação do porquê não utilizar a referida metodologia, configurando casos excepcionais, como já mencionei no artigo referente às normativas sobre BIM em obras públicas

Dessa forma, com uma lei em vigor para licitação de projetos de engenharia, há a necessidade de cumpri-la, e isso requer providências adequadas, tanto por parte do ente público, que precisa preparar-se para adotar o BIM em suas obras e serviços, quanto por parte daqueles que prestarão serviços ou realizarão as obras para o setor público. 

O que é a metodologia BIM e como implementá-la na licitação de projetos de engenharia

É muito comum, ainda, a interpretação simplista e equivocada de que o BIM é sinônimo apenas de modelagem 3D e que basta adquirir novos softwares de projeto em 3D para implementar o BIM.

Na verdade, o BIM é bem mais do que isso. Na prática se trata de uma maneira mais informada e eficiente de se projetar, orçar, gerenciar e manter obras, o que implica não só em novos softwares, apropriados ao projeto e orçamento em BIM, mas também em softwares de apoio ao trabalho conjunto dos envolvidos, capazes de:

  • facilitar a elaboração colaborativa dos projetos;
  • eliminar interferências;
  • promover um fluxo eficaz de trabalho;
  • fazer cotações com terceiros;
  • permitir a gestão, acompanhamento e fiscalização da evolução das obras.

A implementação da metodologia BIM implica, portanto, em atuar no domínio:

  • das pessoas, provendo capacitações e apoios técnicos necessários a preparação para a adoção da metodologia;
  • dos processos de trabalhos, definindo novos papéis e novas formas de atuação;
  • das tecnologias envolvidas, de forma a fornecer uma infraestrutura tecnológica (em particular softwares) que possibilitem as novas formas de trabalho e de interações entre as pessoas envolvidas nos projetos de engenharia.  

 

O recente caso de uso do BIM pelo Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC) ilustra bem a importância da correta percepção dos requisitos para a adoção da metodologia. Um outro exemplo relevante para a compreensão dos benefícios da adoção do BIM é o caso da Escola da Tapera, em Florianópolis (SC). 

Tecnologias para implementação do BIM

Entendida a importância e abrangência do tema, a pergunta a ser respondida é: quais são as necessidades de aquisição pela Administração Pública para a implementação do BIM?

Além dos softwares nativamente BIM de projetos de estruturas e complementares, como o AltoQi Eberick e o AltoQi Builder, soluções para orçamentação e planejamento da obra em BIM, um Ambiente Comum de Dados (CDE) e um software para permitir o trabalho colaborativo dos projetistas são as ferramentas normalmente associadas ao desenvolvimento de projetos em BIM.

Também, dada a complexidade da tarefa de gestão de equipes, é muito importante o uso de soluções que apoiem a gestão do fluxo de trabalho em BIM e as cotações de fornecedores, bem como de soluções para fiscalização de obras em BIM e que possibilitem monitorar os custos e prazos da construção. Assim, os gestores de obras públicas podem acompanhar os mais importantes dados de uma só ou de um conjunto de obras. 

Resumindo, então, as tecnologias para a plena implementação do BIM nas organizações são as para:

Projeto estrutural em BIM 

Os recursos de softwares como o AltoQi Eberick auxiliam em todo o ciclo do projeto, pois permitem trabalhar de maneira integrada, de acordo com as normas brasileiras. A interoperabilidade dos projetos de engenharia com outras disciplinas ocorre com o uso de arquivos .IFC e a comunicação entre projetistas é feita por meio das notas BCF. 

Projeto de instalações em BIM 

Desenvolver projetos seguros, dentro do dimensionamento normativo, é fundamental em se tratando de licitação de projetos de engenharia. O AltoQi Builder é um software com recursos para atender a todo o ciclo do projeto, nativamente integrado entre as disciplinas de instalações prediais e que apresenta os elementos em detalhes.

Orçamentação e planejamento de obras

No caso da metodologia BIM, a orçamentação e o planejamento da obra, ao contrário do que muita gente pensa, também são atividades que devem ser feitas de forma concomitante com os projetos de engenharia e complementares, e não depois. Assim, com softwares como o AltoQi Visus é possível ter controle sobre o financeiro da obra a cada tomada de decisão. 

Cotações de fornecedores em BIM 

Na licitação de projetos de engenharia, é preciso simplificar o processo de aquisição de insumos e serviços. o AltoQi Visus Bid permite solicitar e gerenciar a cotação de materiais e serviços com base nas informações do modelo. A solução promove uma conexão direta com fornecedores, minimizando retrabalhos e atrasos, além de garantir mais segurança. 

 

Ambiente Comum de Dados em BIM 

Ter uma plataforma colaborativa como o AltoQi Visus Collab, que permite compartilhar arquivos, criar tarefas e atribuir responsabilidades para a equipe, é essencial para o trabalho fuir de forma simultânea nas obras públicas e haver maior controle das mudanças e da evolução do projeto.

Gestão do fluxo de trabalho em BIM 

O problema de falta de padronização de processos e a dificuldade em avaliar a produtividade em projetos de engenharia do setor público são duas questões que o AltoQi Visus Workflow soluciona para que haja mais eficiência nas obras públicas. Mais que um software de gerenciamento das etapas das obras, a tecnologia ajuda no acompanhamento dos projetos e a verificar se estão gerando os resultados esperados.

Além disso, o Workflow pode ser relevante para observar o princípio da segregação de funções, que veda a designação do mesmo agente público para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, com o objetivo de reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes na contratação de licitação de projetos de engenharia.

Fiscalização de obras em BIM

O acompanhamento financeiro das obras públicas é feito com mais precisão com uma solução como o AltoQi Visus Tracking, que possui recursos que permitem acompanhar todas as medições realizadas e oferecem uma visão ampla e em tempo real sobre a condição financeira da obra

BI para monitorar os custos e prazos

Uma solução de business intelligence para monitorar os custos e prazos do empreendimento - e não depende de ferramentas externas - fornece uma visão ampla e detalhada das principais informações das obras públicas. Dessa maneira, o AltoQi Visus Control Tower garante maior controle e auxilia na tomada de decisões estratégicas dos gestores públicos de projetos de engenharia.

Importância do suporte técnico para atender ao uso do BIM

Um ponto a considerar para a licitação de projetos de engenharia, além dos softwares, é  a contratação de uma capacitação e apoio técnico para a equipe do órgão contratante, mesmo que os profissionais designados como responsáveis pelas obras seja experiente na metodologia BIM. Afinal, as tecnologias e softwares, assim como as próprias regulamentações na área pública, estão em constante evolução. Por isso, é importante prever capacitações e apoio técnico para garantir que as definições necessárias estejam adequadas ao contexto considerado.

Por exemplo, os tribunais de conta preconizam que a documentação técnica do projeto básico da obra e o instrumento convocatório para a contratação da obra devem estabelecer:

  • os requisitos mínimos do projeto executivo em BIM que será contratado;
  • os padrões de qualidade dos produtos a serem entregues;
  • as etapas a serem cumpridas;
  • a economicidade;
  • as finalidades pretendidas.  

Para isso, o órgão público precisa definir um conjunto de requisitos de intercâmbio e entrega de informações para os contratados cumprirem, ou seja, um BIM Mandate.

Em geral, dependendo da esfera administrativa, o BIM Mandate ou Caderno de Especificações BIM de referência já está consolidado e a única necessidade é disponibilizar guias de conhecimentos técnicos para orientar indivíduos, equipes ou organizações que atuarão nos projetos e obras em BIM (BIM Guide). 

Um exemplo de Caderno de Requisitos Técnicos BIM é o do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Já uma referência em Guia BIM é o de Cingapura, que consiste em Especificações e Procedimentos de Modelagem e Colaboração BIM.

Conclusão

Um órgão público não precisa elaborar propriamente os projetos em BIM, contratando-os de terceiros. Contudo, necessita ter os devidos softwares para receber os projetos contratados, verificar o orçamento e ainda apoiar a fiscalização de obra, principalmente quando há várias obras sendo executadas ao mesmo tempo.

A rigor, os projetos passam a ser recebidos em um Ambiente Comum de Dados - pois, com a adesão ao BIM, não faz mais sentido receber os projetos em .PDF -, o que permite que sejam facilmente testados para verificar se não há falhas óbvias no modelo federado (conflitos entre projetos) e se os requisitos estabelecidos no BIM Mandate foram atendidos, como o uso de formato BIM aberto (.IFC)

Assim, independentemente de o órgão elaborar seus próprios projetos ou contratá-los de terceiros, é recomendável considerar a aquisição de softwares BIM para projetos de engenharia. A AltoQi oferece soluções tecnológicas, capacitações e apoio técnico, e está à disposição para conversar sobre as necessidades inerentes a implantação da metodologia BIM.