Em nossa última conversa, escrevi sobre uma nova era de inovações tecnológicas e a relevância da impressão 3D nesse novo cenário. Neste artigo, quero trazer esse assunto da impressão 3D para o mercado da construção civil, falando sobre a aplicabilidade, contexto histórico, potencial e o quadro atual das impressoras tridimensionais. Preparado? Então, vamos lá.
O que é a impressão 3D
Antes de abordarmos a impressão 3D no mercado da construção, é importante ter bem definido o que é esse termo, para que não existam margens para interpretações equivocadas. A Impressão 3D é um processo para criar um objeto físico tridimensional camada por camada, a partir da projeção digital desse mesmo objeto.
Essa impressão ocorre através de depósitos de diversas camadas de um determinado material em uma base específica. Há formas diferentes de realizar uma impressão tridimensional, mas todas possuem dois princípios de inovação: manipular o objeto ainda em sua forma digital e a capacidade de compor novas formas através de adição de materiais.
Por que a impressão 3D foi desenvolvida?
Esta é uma pergunta que sempre devemos fazer para todos os assuntos. Para qual propósito essa tecnologia foi desenvolvida? Ao compreendermos a resposta, podemos fazer uma projeção do impacto desse assunto em nossa área e no mercado da construção em geral.
As primeiras tecnologias da impressão 3D surgiram no final da década de 80, com a ótica da prototipagem rápida, ou seja, uma forma de produzir com maior velocidade produtos desenvolvidos em escala industrial.
A popularização da impressão 3D aconteceu em 2009, quando tornou-se comercialmente disponível a primeira impressora 3D, sob o conceito de replicação rápida, que é a capacidade da impressora auto-replicar até 70% de suas peças.
Portanto o principal intuito da criação da impressão tridimensional foi justamente para agilizar o processo de execução e montagem de peças e produtos. Logo, são justificáveis os estudos para aplicação da impressora tridimensional no mercado da construção para redefinir as formas de execução de obras que conhecemos hoje.
Qual cenário atual do uso da impressora 3D na construção?
Enquanto outras áreas apostam alto na impressão 3D para superar entraves, o mercado da construção ainda está dando seus primeiros passos nesse novo conceito.
Em uma escala global, os estudos com impressão tridimensional acompanham as pesquisas de uso de materiais recicláveis ou biodegradáveis para produzir residências populares, galpões para abrigo coletivo e até mesmo pavimentos asfálticos. E já há resultados palpáveis destas pesquisas. O engenheiro mecânico Robert Flitsch da universidade de Harvard desenvolveu uma impressora 3D robótica que preenche e restaura fissuras de rodovias.
Ainda nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, desenvolveram a tecnologia “Contour Crafting” onde uma impressora tridimensional que se movimenta em uma estrutura de trilhos é capaz de construir casas em menos de 24 horas utilizando argamassa. Na Itália, impressoras 3D já produzem casas populares utilizando lama e fibras como material base. A empresa chinesa WinSun foi pioneira na construção tendo o primeiro prédio do mundo com peças elaboradas em uma impressora 3D, sendo que já tinha realizado anteriormente a façanha de imprimir dez casas em menos de 24 horas, reutilizando material excedente de outras obras.
Mais recentemente, a empresa norte-americana Apis Color desenvolveu uma máquina de impressão 3D que contém um braço robótico e é capaz de imprimir uma casa de 38m² por menos de 10 mil dólares e com durabilidade superior a meio século. Esta tecnologia está em constante evolução e estima-se que em poucos anos já exista a possibilidade de produção em larga escala de casas populares utilizando impressoras tridimensionais.
Quais são os limitadores do uso da impressora 3D na construção?
Por um capricho de contradição, o maior entrave do uso da impressão 3D na construção é justamente o principal intuito da sua criação: velocidade no processo.
Embora tenha evoluído expressivamente nesse quesito nos últimos anos, a logística, instalação e manutenção de uma impressora tridimensional no canteiro de obras, ainda exige um forte investimento em estrutura de apoio, treinamento de mão de obra e principalmente estudo para seu transporte e armazenamento, o que inviabiliza sua utilização efetiva.
Há também a limitação de altura dos empreendimentos e a necessidade de equipe de apoio para instalação de portas, janelas e os elementos dos projetos de instalações, como eletrodutos e tubulações, uma vez que as impressoras tridimensionais imprimem a estrutura com aberturas, mas ainda não imprimem os demais componentes.
Contudo, algumas dessas restrições não devem perdurar por muito tempo, tendo em vista a considerável evolução das impressoras tridimensionais no mercado da construção civil e todo seu potencial de redefinir a forma de como construímos hoje.
Vimos, então que a impressão 3D no mercado da construção civil está em pleno desenvolvimento e seu potencial é ainda imensurável. Mas, e no Brasil, qual é o cenário? Esse é justamente o assunto de nosso próximo artigo.
Se você quiser ajudar a enriquecer este artigo, compartilhe sua visão, comentando sobre a impressão 3D no mercado da construção civil. Até o próximo artigo.