O Futuro da Construção Civil foi o grande tema do evento realizado pela AltoQi na plenária do QiConnect, dentro da Feira ConstruirAí.
Durante um dia inteiro, especialistas, empresas e líderes do setor compartilharam cases reais e insights sobre como tecnologia, gestão digital e inovação estão transformando a forma de projetar, construir e gerir empreendimentos.
Prepare-se para conferir os destaques de cada palestra e painel, entender os principais desafios e conhecer soluções que estão moldando a próxima década da construção civil.
Futuro da Construção Civil: O que foi visto no QiConnect?
O QiConnect foi uma plenária exclusiva da AltoQi, realizada dentro da feira Construir Aí.
O evento, limitado para 500 participantes, reuniu engenheiros, arquitetos, construtoras e incorporadoras para discutir práticas reais que já estão revolucionando o setor.
O diferencial foi a abordagem 100% prática: em vez de teorias ou romantização da tecnologia, cada sessão trouxe exemplos reais de projetos, metodologias e ferramentas aplicadas em campo.
Futuro da Construção Civil? Por que falar sobre?
O setor da construção civil enfrenta desafios históricos:
- 65% das obras no Brasil estouram custos.
- 89% atrasam prazos, segundo dados da Falconi.
- Há escassez de mão de obra qualificada e baixa produtividade comparada a países desenvolvidos.
Nesse cenário, a busca por eficiência, industrialização e digitalização deixa de ser opção e passa a ser questão de sobrevivência.
O QiConnect mostrou que quem não se adaptar corre sérios riscos de ficar para trás.
Futuro da Construção Civil: Principais destaques do QiConnect
A Nova era da construção: Do improviso à gestão real
Felipe Althoff, CEO da AltoQi, abriu o evento destacando que a construção civil precisa migrar do improviso para a gestão baseada em dados.
O BIM, segundo ele, não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta estratégica para conectar projetos, prazos, custos e execução em tempo real.
O programa BIM ONE foi apresentado como um modelo de implementação prática em quatro etapas: diagnóstico, piloto, capacitação e gestão ativa.
Eficiência ou extinção: Decisões que mudam margens
Em seguida, Luiz Gustavo Santos (Falconi) e Rodrigo Valente (Patrimar) trouxeram um alerta: desperdícios operacionais podem decretar a falência de construtoras.
Aplicando Lean Construction, a Patrimar reorganizou equipes, implantou indicadores de desempenho e conseguiu reduzir custos e atrasos de forma significativa.
BIM para projetistas: O que realmente funciona (E o que é ilusão)
Marcelo Mannrich (Mannz) e Thaise Adami (Embraed) apresentaram o case do Edifício Alaia e desmistificaram crenças sobre o BIM. Entre os principais pontos:
- Funciona: integração de disciplinas, simulações de desempenho e quantitativos precisos.
- Ilusão: acreditar que o modelo 3D resolve tudo sem processos, comunicação e cultura colaborativa.
Reengenharia & Economia: Obra de 200mil m² com custo de construção 18% menor
Mariele Dombroski (Baseline) mostrou como, em parceria com a Construtora Record, foi possível reduzir 18% dos custos em uma obra de 200 mil m².
Foram testados diversos cenários construtivos (concreto, steel frame, madeira engenheirada, híbridos), com simulações de custo, prazo e logística.
A decisão, baseada em dados, resultou em economia milionária e redução de prazos.
Liderança de obra: Formando times que entregam
Caroline Bucciano (AndaObra) e Miguel Rivero (Bilds) abordaram o papel da liderança no canteiro.
Segundo eles, 62% dos atrasos em obras estão ligados a falhas de gestão de campo.
A solução passa por líderes capazes de engajar equipes com autonomia, propósito e processos visíveis — apoiados por ferramentas digitais de planejamento.
Gestão inteligente no pós: O ciclo não termina no após a obra
Adriana Bombassaro (FastBuilt) e Maria Helena Dimas (Tenda) apresentaram o impacto da digitalização na assistência técnica.
Com a plataforma FastBuilt, a Tenda reduziu o tempo médio de atendimento de chamados de 15 para 9 dias, escalou atendimento em mais condomínios e aumentou o NPS em 6 pontos.
A mensagem foi clara: pós-obra não é custo, é oportunidade de fidelização.
Painel Pequenas e Médias Empresas: Estratégias para escalar
Mediado por Felipe Roque (AltoQi), Fabiula Carazzai (Vetter) destacou os maiores desafios de digitalização que pequenas e médias construtoras enfrentam.
Segundo Robson Carlos Santos (Magnus Engenharia), a estratégia de crescimento está baseada em:
- Plano de Execução BIM (PEB) bem estruturado.
- CDE (Ambiente Comum de Dados) para centralizar informações.
- Normas ISO 19650 como referência de governança de dados.
O retorno financeiro do BIM em projetos de engenharia
Alan Metzler e Elton Pivato, da Hoyt Engenharia, mostraram o case Terra All Resort, empreendimento com VGV de R$ 2,1 bi em Porto Belo/SC.
Combinando BIM e Engenharia de Valor, foram geradas economias de R$ 12,26 milhões, equivalentes ao lucro líquido de 17 apartamentos.
Entre as decisões que trouxeram retorno:
- Uso de barramento blindado em vez de cabos (R$ 8,8 mi economizados).
- Antecipação de furações (R$ 2,2 mi de economia).
Painel Projetistas e Construtoras: BIM que funciona na prática
No painel mediado por Rodrigo Koerich (Presidente BIM Fórum Brasil), Leandro Oliveira (Exponent) e Rafael Evangelista (MAC Construtora) mostraram como a integração entre empresas funciona na prática.
A MAC adota um framework baseado em Pacotes de Entrega Integrados (PEI) e protocolos abertos (IDS e BCF), garantindo previsibilidade e redução de erros.
Do Excel à plataforma: Como digitalizar sem se afogar
Julia Leite Schultz (PlanBIM) apresentou o case do Edifício Lift, em Maceió.
Ao migrar do Excel para uma gestão integrada com BIM 5D, foram alcançados:
- Economia total de R$ 3,5 milhões.
- Redução de 2 meses no cronograma.
- Eliminação de 218 conflitos que gerariam R$ 1,2 milhão em retrabalhos.
Projetos colaborativos com a Metrô em São Paulo
Ivo Mainardi (Metrô) mostrou como a companhia está gerenciando mais de 4.500 modelos BIM em linhas de metrô.
Com uso de IFC, gêmeos digitais, drones e LiDAR, foi criado um processo de validação contínua e multidisciplinar, com milhares de issues monitorados em tempo real.
Da tradição à inovação: Desafio da implantação do canteiro de obras digital
Matheus Otoni Orlandi (Direcionalo) apresentou em Balneário Camboriú a implantação do canteiro digital.
O uso da plataforma Visus permitiu maior rastreabilidade, transparência para investidores e redução de retrabalho.
A mensagem foi direta: quem não digitalizar o canteiro ficará para trás.
Gestão por resultados em incorporações
Flávio Ludvig (Hurbana) e André Ferraro (Nord) mostraram que gestão de resultados começa na viabilidade.
Com simulações digitais de custo e prazo, é possível evitar desvios que, em 59% dos casos, têm origem ainda antes da execução da obra.
O Canteiro Digital da Hurbana já simula cada etapa construtiva, buscando industrialização e otimização.
Painel de encerramento: Onde o setor está indo — e quem vai junto?
Gilberto de Freitas (ITIE), Rui Luiz Gonçalves (AltoQi) e Felipe Althoff (AltoQi) destacaram que o Futuro da Construção Civil será industrializado, digital e colaborativo.
O novo protagonista será o fabricante de edificações e componentes, capaz de entregar soluções replicáveis, customizáveis e sustentáveis.
Metodologias como BIM, DfMA, DfD e DfR, além de tecnologias como gêmeos digitais e realidade aumentada, serão a base da próxima geração de empreendimentos.
O Futuro da Construção Civil já começou
O QiConnect mostrou que o Futuro da Construção Civil não é mais projeção, mas realidade em curso.
Empresas que aplicam BIM de forma integrada, investem em liderança de obra, digitalizam o pós-obra e exploram a industrialização já estão colhendo ganhos expressivos em custos, prazos e qualidade.
O setor caminha para ser mais eficiente, sustentável e colaborativo.
O desafio é cultural: sair do improviso e adotar processos digitais que conectam todas as fases da construção.
Se você atua na área de engenharia, arquitetura ou incorporação, prepare-se: o futuro já está sendo construído, e ele exige dados, integração e inovação.
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