Nos artigos mais recentes, vimos que um fluxo de trabalho que integre os projetistas que fazem parte de um empreendimento, é fundamental para evitar situações de improvisos em obra, custos de execução adicionais e atrasos no cronograma.
Neste conceito de interoperabilidade, o projeto estrutural talvez seja aquele que mais necessita de ajustes devido a influência das demais disciplinas, como projetos hidrossanitários, elétricos, ar condicionado, entre outros.
Felizmente, existem soluções específicas que, caso adotadas na concepção do projeto estrutural, podem evitar situações indesejáveis de improvisos em obra e por consequência aumentar a qualidade da construção e reduzir custos.
Essas soluções podem ser divididas em:
- Análise das instalações previstas através do projeto arquitetônico;
- Análise das interferências entre projeto estrutural e as demais disciplinas
- Furo horizontal em viga;
- Furo vertical em viga;
- Rebaixos.
Análise das instalações previstas através do projeto arquitetônico
No momento de conceber uma estrutura, antes mesmo de posicionar pilares e vigas, é recomendável avaliar quais as regiões que possuem maior tendência em concentrar as tubulações do projeto hidrossanitários da edificação, pois frequentemente é esta disciplina que mais interfere no projeto estrutural.
Esta identificação prévia da concentração das instalações em uma edificação pode reduzir o número de furos, tanto horizontais quanto verticais, para a passagem de tubulações.
Entre as regiões com maior incidência de tubulações em uma edificação pode-se citar:
- Banheiros;
- Lavabos;
- Áreas de serviço;
- Cozinhas.
Quando possível, é recomendável que:
- Não sejam lançadas vigas atravessando estas regiões;
- Não sejam lançadas vigas na divisão destas com outras regiões com provável incidência de tubulações.
Exemplo:
Na figura acima, estão em destaque algumas regiões onde provavelmente haverá maior incidência de tubulações.
Nesse caso, uma boa recomendação seria evitar lançar vigas que atravessem qualquer um dos ambientes em destaque e posicionar vigas na divisão desses ambientes.
Na figura 2, temos uma visão do projeto com as instalações hidrossanitárias:
No caso da figura abaixo, percebe-se uma concepção estrutural com objetivo de evitar a incidência de furos em vigas. Neste caso, houve a necessidade de prever apenas um furo horizontal na estrutura, para passagem das instalações hidrossanitárias
Abaixo um outro exemplo da mesma situação, com uma concepção estrutural diferente:
Neste exemplo, houve a necessidade de posicionar 5 furos horizontais na estrutura devido às tubulações do projeto hidrossanitário, quantidade muito maior do que na concepção vista na Figura 3.
Análise das interferências entre projeto estrutural e as demais disciplinas
Quando não for possível evitar a interferência dos elementos dos demais projetos com as vigas de uma estrutura, é necessário prever furos horizontais ou verticais, e/ou rebaixos em vigas para passagem desses elementos.
Furo horizontal
Abertura no sentido transversal de uma viga, prevista para a passagem das instalações de uma estrutura, como tubulações por exemplo.
Furo vertical
Abertura no sentido da altura de uma viga, prevista para a passagem das instalações de uma estrutura, como tubulações pluviais ou de ar condicionado, conforme exemplo abaixo:
Rebaixo
É a diminuição da altura de uma viga em um determinado trecho. No exemplo abaixo, entre o topo da viga e a laje é possível efetuar a passagem das instalações.
A consideração de furos ou rebaixos em vigas interfere na capacidade resistente destes elementos, sendo obrigatório verificar se os mesmos atendem às condições mínimas de segurança previstas na NBR 6118/2014.
Para complementar este assunto, no próximo artigo serão mostrados quais os critérios normativos para o dimensionamento de vigas nesta situação. Até lá.