Estrutural

Principais métodos de cálculo dos efeitos de segunda ordem local em pilares

Neste artigo falaremos sobre os principais métodos de cálculo dos efeitos de segunda ordem local em pilares, que dependem de alguns fatores. Entenda.

Tempo de leitura: 9 min.
Escrito em 10 jan 2017     Atualizado em 13 mar 2024

Segundo a NBR6118:2014 os efeitos de segunda ordem podem ser classificados em:

  • Efeitos de segunda ordem global;
  • Efeitos de segunda ordem local;
  • Efeitos de segunda ordem localizados.

A imagem apresenta três ilustrações distintas, cada uma demonstrando um tipo diferente de efeito de segunda ordem

Figura 1 – Efeitos de segunda ordem

 

Os efeitos de segunda ordem são decorrentes de dois tipos de não-linearidade:

  • Não – linearidade física: Efeitos decorrentes do comportamento não-linear do material concreto armado. Este comportamento tem origem nas propriedades dos materiais envolvidos e no fato de que as peças de concreto armado estão tipicamente fissuradas quando em serviço;
  • Não – linearidade geométrica: Efeitos decorrentes da mudança de posição da estrutura, quando os esforços são obtidos considerando a configuração deformada da estrutura.

Os efeitos de segunda ordem local dependem basicamente do índice de esbeltez do pilar analisado e da compressão a que ele está submetido.

A figura mostra a flambagem de um pilar submetido à compressão

Figura 2 – Flambagem de um pilar submetido à compressão

 

A NBR6118:2014 define 4 métodos através dos quais os efeitos de segunda ordem local podem ser analisados:

  1. Pilar-padrão com curvatura (1/r) aproximada;
  2. Pilar-padrão com rigidez ? aproximada;
  3. Pilar-padrão acoplado a diagrama N,M,1/r;
  4. Método geral.

É importante ressaltar que a escolha do método de cálculo dos efeitos de segunda ordem só tem influência no dimensionamento quando a seção crítica do pilar não está nas extremidades da prumada (Topo ou Base do pilar)

Os três primeiros métodos (Pilar – padrão) consideram que a não linearidade geométrica de um pilar pode ser expressada com uma deformada com curvatura senóide, conforme a figura abaixo:

A figura mostra em um pequeno gráfico com curva a não linearidade geométrica
Figura 3 – Não linearidade geométrica (Curso “Cálculo de pilares de concreto armado” – Alio Kimura)

 

Logo, o que difere os métodos Pilar-padrão com 1/r aproximada, Pilar-padrão com rigidez k aproximada e Pilar-padrão acoplado a diagrama N.M,1/r é a consideração da não-linearidade física para obtenção dos esforços de segunda ordem local.

Pilar-padrão com 1/r aproximada

A não-linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da curvatura na seção crítica. Este método pode ser empregado somente para pilares com ?(esbeltez) = 90, com seção constante e armadura simétrica e constante ao longo do eixo. Pode ser empregado para pilares com formatos quaisquer de seção.
O momento total máximo do pilar é calculado pela expressão:

A imagem mostra um trecho de texto com equações matemáticas e com expressões de cálculo do momento máximo do pilar

Pilar-padrão com rigidez ? aproximada

A não-linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da rigidez do pilar. Este método pode ser empregado somente para pilares com ?(esbeltez) = 90, com seção constante e armadura simétrica e constante ao longo do eixo. Pode ser empregado somente para pilares com formato retangular.
O momento total máximo do pilar é calculado pela expressão:

A imagem mostra um trecho de texto com equações matemáticas e com expressões de cálculo do pilar padrão com rigidez

Pilar-padrão acoplado a diagrama N,M,1/r

Este método pode ser aplicado em seções com formato qualquer e ?(esbeltez) = 140.

A não-linearidade física é considerada através do diagrama momento-curvatura. Através deste diagrama é possível obter a rigidez secante do elemento, com a qual se obtém os esforços de segunda ordem local.

A determinação da relação momento-curvatura envolve um processo iterativo, por tentativas ou aproximações sucessivas, sendo assim necessário a utilização de processos computacionais para obter este diagrama.

Gráfico mostrando o momento-curvatura 

Figura 4 – Relação momento-curvatura (NBR6118:2014 – Figura 15.1)

 

 

 

Diagrama momento curvatura de pilar obtido através do Eberick V10

Figura 5 –Diagrama momento curvatura de pilar obtido através do Eberick V10

 

Para obter o diagrama momento-curvatura de um pilar é necessário conhecer previamente a distribuição das armaduras longitudinais na sua seção.
Pelo fato de a não-linearidade física do pilar poder ser analisada diretamente dos esforços a que é submetido e da disposição das suas armaduras longitudinais este método de dimensionamento é mais preciso que os métodos “Pilar padrão com 1/r aproximada” e “Pilar padrão com rigidez ? aproximada”.

Método geral

Segundo o item 15.8.3.2 da NBR6118:2014:

“O método geral consiste na análise não linear de 2ª ordem efetuada com discretização adequada da barra, consideração da relação momento-curvatura real em cada seção e consideração da não linearidade geométrica de maneira não aproximada. O método geral é obrigatório para ? >140.”

A NBR6118:2014 não define uma formulação específica neste método porém fica claro que a análise das não-linearidades física e geométrica do pilar deve ser feita através de processos mais refinados.

A análise da não-linearidade geométrica pode ser feita a partir da relação momento-curvatura. A seguir os efeitos de segunda ordem local podem ser obtidos através de processos mais refinados, como por exemplo Analogia de Mohr e método das diferenças finitas. Ambos os processos consistem na divisão do lance do pilar em várias seções, sendo que quanto maior for o número de divisões maior será o número de operações necessárias e maior será a precisão dos resultados.

Assim como o método do Pilar-padrão acoplado a diagrama N,M,1/r a não-linearidade física no método geral pode ser avaliada pelo diagrama momento-curvatura.

O método geral pode ser aplicado a pilares com seções com formato qualquer e ?(esbeltez) = 200.

 

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Comparação entre os métodos

É possível afirmar que o Método Geral é o processo mais preciso de obtenção dos efeitos de segunda ordem local em pilares seguido pelo método do Pilar-padrão acoplado a diagrama N,M,1/r. Uma comparação entre os métodos apresentados neste artigo é feita na dissertação de mestrado do autor Sander David Cardoso Junior (Sistema computacional para análise não-linear de pilares de concreto armado).

Um dos exemplos presentes nessa dissertação compara os resultados obtidos em pilar com seção 30×60, fck30, com 16 barras de 20mm, comprimento de esbelez de 6 metros e esforços indicados na figura abaixo:

Gráficos comparando os dados do pilar e esforços de 1º ordem

Figura 6 –Dados do pilar e esforços de 1º ordem (Sander David Cardoso Junior, 2014)

 

Tabela com o resumo dos resultados dos exemplos de pilar com curvatura, rigidez e aclopado com o método geral

Figura 7 –Resumo dos resultados do exemplo (Sander David Cardoso Junior, 2014)

 

De acordo com o quadro acima é possível ver que enquanto os métodos do Pilar padrão com curvatura aproximada e Pilar padrão com rigidez ? aproximada levam a resultados mais conservadores os demais métodos (Pilar padrão acoplado com diagrama N,M,1/r e Método geral) por utilizarem processos mais refinados para obtenção dos esforços de segunda ordem local determinam a rigidez (EI) de forma mais precisa e consequentemente levam a valores menores de Msd,tot (momento final de cálculo considerando os efeitos de primeira ordem e segunda ordem local).

Acompanhe nossos próximos posts sobre o dimensionamento de pilares e compartilhe as suas experiências nos comentários.

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