Pessoas conversam em um escritório onde uma busca inserção no mercado de trabalho da engenharia civil
Liderança e carreira

Desafios para inserção no mercado de trabalho da engenharia civil

Tempo de leitura: 19 min.

O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) estima que cerca de 40 mil novos profissionais ingressam no mercado de trabalho da engenharia civil. 

Em uma pesquisa recente, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) descobriu que após a conclusão do curso de engenharia, os profissionais enfrentam alguns desafios, como salários mais baixos do que o esperado, exigência de experiência e requisitos técnicos para as vagas de trabalho disponíveis, além de desigualdade de gênero. 

Como solução para uma melhor transição da graduação para o mercado de trabalho da engenharia civil a pesquisa sugere a: 

  • participação em programas de mentoria;  

  • realização de estágio; 

  • participação em programas de trainee, workshops e cursos de capacitação.

Dessa forma, os profissionais em formação ou início de carreira tem acesso a apoio profissional e orientação, conseguem adquirir experiência prática e desenvolver habilidades técnicas e interpessoais, além de expandir contatos profissionais e identificar oportunidades de emprego.

É um bom caminho para começar, mas além disso, é preciso saber quais são as expectativas do mercado da engenharia civil no Brasil em relação aos profissionais que atuam na área.

O que o mercado de trabalho da engenharia civil espera do profissional?

O mínimo que o mercado de engenharia civil espera dos profissionais que atuam na área é que sejam generalistas, humanistas, possuam pensamento crítico e reflexivo. Ao menos, é isso o que a Resolução CNE/CES 02/2019, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Engenharia, estabelece para a formação de engenheiros e engenheiras civis.  

Então, o que as DCNs determinam é que para aproveitar as oportunidades no mercado da engenharia civil, é preciso que os profissionais estejam aptos a absorver e desenvolver novas tecnologias, identificar e resolver problemas, sempre aplicando a ética. 

Como competências e habilidades gerais imprescindíveis para o profissional de engenharia civil, a Resolução destaca:  

  • conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais; 

  • projetar e conduzir experimentos, e interpretar resultados; 

  • conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos; 

  • planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia; 

  • identificar, formular e resolver problemas; 

  • desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas; 

  • supervisionar a operação e a manutenção de sistemas; 

  • avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas; 

  • comunicação eficiente nas formas escrita, oral e gráfica; 

  • capacidade de atuar em equipes multidisciplinares; 

  • compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais; 

  • saber avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental; 

  • ser capaz de avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia; 

  • permanente busca de atualização profissional.  

O que está nas Diretrizes Curriculares é o começo da construção do perfil profissional desejado pelo mercado da engenharia civil. Contudo, as oportunidades de trabalho evoluem, às vezes, de forma mais ágil do que a formação acadêmica consegue acompanhar. Por isso, é preciso considerar também a prática fora das Instituições do Sistema de Educação Superior (IES) do país. Afinal, é onde os profissionais encontram a maior parte dos desafios para ingressar no mercado de trabalho.

Quais são as dificuldades para ingressar no mercado de trabalho? 

Um levantamento feito para compreender a situação dos engenheiros civis formados entre os anos de 2014 e 2019 revela que 26% dos profissionais que chegaram ao mercado de trabalho no período não estavam trabalhando e 14% daqueles que atuavam na área não tinham a engenharia como principal fonte de renda. 

O estudo também descobriu que dos 26% dos engenheiros e engenheiras civis que estão fora do mercado de trabalho, 56% não chegaram a atuar na área.  

Os motivos identificados para tantos profissionais estarem fora do mercado de trabalho da engenharia civil entre os anos de 2014 e 2019 não são muito diferentes dos apontados pela pesquisa da CBIC, apresentada em 2024.

 Falta de experiência

Tanto no levantamento de 2014 a 2019 quanto na pesquisa da CBIC, a exigência de experiência para ocupar as vagas de trabalho é a segunda maior razão que dificulta a entrada dos profissionais no mercado da engenharia civil. 

Situação econômica do país

A situação econômica do país aparece como uma das razões da pesquisa de 2014 a 2019, mas não é citada como sendo um dos motivos no estudo da CBIC.   

De fato, o saldo de vagas geradas na construção civil teve uma queda no período de 2015 a 2017 e cresceu pouco entre os anos 2018 e 2020, segundo as informações levantadas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). 

Mas em 2023 a construção civil foi essencial para a geração de empregos formais. De janeiro a agosto, o setor gerou 222.925 novas vagas de trabalho. Talvez por isso o cenário econômico não seja um motivo para o não ingresso no mercado de trabalho para os engenheiros e engenheiras que responderam à pesquisa CBIC. Para eles, a dificuldade é outra e está relacionada à remuneração. 

Salários abaixo do esperado 

Do total de profissionais que responderam à pesquisa da CBIC, 37,2% disseram que os salários mais baixos do que o esperado são o que dificulta o ingresso no mercado de trabalho na engenharia civil.   

De acordo com o site Glassdoor, a média salarial mensal para o cargo de engenheiro civil no Brasil é de R$ 8.825. Considerando que o estudo de 2014 a 2019 detalha que o piso salarial profissional no estado do Paraná nesse período era próximo a R$ 8.500,00, é possível, em uma análise superficial, notar que a valorização da carreira em cinco anos evoluiu pouco - a diferença entre os valores é de 3,82%. 

Falta de especialização 

As exigências de qualificação e especialização são identificadas como um dos desafios para os profissionais saírem da universidade e já ocuparem uma oportunidade no mercado de trabalho da engenharia civil.

Uma das justificativas para o mercado estar tão exigente são os custos apertados e a impossibilidade de oferecer desenvolvimento ao profissional enquanto desempenha suas funções.  

Como resultado, muitos engenheiros civis que finalizam a formação superior atuam na informalidade.   

De acordo com o levantamento “O futuro das engenharias no Brasil 2023”, divulgado pela Mútua - Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, dos quase 1,3 milhão de egressos de cursos entre os anos 2000 e 2020, quase 477 mil não se registraram no Sistema Confea-Crea. 

Qualificação recebida durante o curso 

O fato de as disciplinas dos cursos de engenharia civil estarem, muitas vezes, defasadas em relação às novas realidades das empresas e do mercado de trabalho é um fator que colabora para um menor número de profissionais conseguir uma oportunidade na área.   

Entre as causas citadas para a discrepância entre a academia e a realidade mercadológica, estão deficiências de infraestrutura, como a falta de laboratórios para a vivência com as mais recentes tecnologias para engenharia civil. 

Aprendizagem contínua

Questões socioculturais também são apontadas como barreira para o ingresso no mercado de trabalho da engenharia civil. Mais especificamente, o baixo interesse dos profissionais em formação ou recém-formados pelos estudos e a não valorização do ensino. Ou seja, o desinteresse pelo aprendizado, que faz com que as empresas precisem assumir a responsabilidade por complementar o ensino dos profissionais que contrata.   

Muitas empresas não detêm as condições para isso ou o interesse em promover o desenvolvimento dos profissionais, principalmente se não há demonstração de disposição para absorver mais conteúdos sobre a área. Por isso, optam pela contratação de engenheiros e engenheiras civis que consideram melhor preparados para assumir uma oportunidade. 

Fatores que facilitam a inserção no mercado da engenharia 

Segundo Francisco Almeida, diretor-presidente da Mútua, não faltam oportunidades no mercado de trabalho para quem tem competência técnica, especialmente diante da percepção de que há escassez de profissionais qualificados na engenharia civil. 

Então, a grande pergunta é: como vencer os desafios para a inserção no mercado da engenharia civil? Não existe uma resposta única para a questão. O que é preciso é um conjunto de iniciativas que devem ser colocadas em prática já durante a graduação e evoluir constantemente mesmo após a obtenção do diploma. 

Formação de qualidade  

A engenharia civil é a área de maior interesse dos estudantes do ensino médio que responderam à pesquisa conduzida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). As melhores perspectivas de emprego são o que mais atrai os alunos. 

O desafio, no entanto, é a formação adequada. Pelo levantamento “O futuro das engenharias no Brasil 2023”, mais de 50% dos profissionais são egressos de cursos de engenharia com baixo desempenho no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). 

Então, quando a graduação não oferece toda a formação que o mercado da engenharia civil espera, qual é o caminho? Para o engenheiro Agrônomo Francisco Almeida, diretor presidente licenciado da Mútua, “conhecimento e inovação definem quem terá relevância econômica e influência”. 

Portanto, a solução é buscar outras formas de desenvolver as capacidades que a graduação pouco aprimora.Na área da engenharia civil, uma das opções de cursos complementares à formação é a plataforma AltoQi Education que oferece capacitações em soluções tecnológicas para projetos de edificações e gestão digital do empreendimento, e servem como horas complementares. 

Estagiar ou trabalhar durante a graduação

A mesma resolução que estabelece as DCNs para a graduação em engenharia também determina que faça parte da formação profissional a realização de estágios obrigatórios, supervisionados pela instituição de ensino. Portanto, cada acadêmico precisa cumprir com o mínimo de 160 horas de estágio. 

Considerando que a carga horária máxima de um estágio é de 30 horas na semana, é preciso estagiar por apenas cinco meses para cumprir com o que diz a DCN. Mas, a formação em engenharia tem a duração média de cinco anos. Nesse caso, apenas 8,33% desse tempo seria dedicado à vivência da engenharia civil na prática. 

Portanto, cinco meses de estágio durante a graduação é realmente suficiente para entrar no mercado da engenharia civil? Realmente, a preparação para o mercado de trabalho exige muito mais dedicação. Dessa forma, a dica é buscar por oportunidades para adquirir a maior experiência possível enquanto ainda durante a formação. Afinal, isso também ajuda muito na construção do currículo profissional. 

Muitas empresas divulgam as oportunidades de estágio em redes sociais profissionais como LinkedIn, mas também é possível encontrar vagas em instituições como o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e em sites como o Vagas.com. 

Mais uma possibilidade para estagiar durante a graduação de engenharia civil é verificar se há seleção para estagiários diretamente no site das empresas do segmento da construção civil. Além disso, muitas universidades mantêm programas de incentivo a estágios.

Ter uma boa conversa com os professores sobre o interesse em estagiar é outra forma de demonstrar o interesse na formação para o mercado, ampliar o networking e conseguir uma boa indicação. 

Construir networking 

O estágio obrigatório pode ajudar a construir o networking, mas não pode ser a única forma de contato com profissionais que já estão no mercado de trabalho. 

Então, quais são as outras possibilidades para formar uma rede de contatos que possa proporcionar uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho da engenharia civil?  

A Resolução CNE/CES 02/2019 estabelece que as Instituições de Ensino Superior devem estimular atividades complementares como: 

  • trabalhos de iniciação científica; 

  • projetos multidisciplinares; 

  • visitas teóricas; 

  • trabalhos em equipe; 

  • desenvolvimento de protótipos; 

  • monitorias; 

  • participação em empresas juniores; e 

  • outras atividades empreendedoras. 

Envolver-se nessas atividades e transitar em ambientes diferentes do universitário ajuda a conhecer pessoas e fazer conexões. Muitas podem se mostrar verdadeiras mentoras, principalmente as que deixam os canais de contato à disposição, como o LinkedIn ou a Bilds.

Aproveitar essas oportunidades para ampliar a rede de conhecidos pode ser a diferença entre conseguir ou não um estágio ou a indicação para uma contratação.

Especialização

Os cursos complementares feitos ainda durante a graduação, junto com o estágio, são boas formas de aumentar a possibilidade de inserção no mercado de trabalho da engenharia civil. Contudo, a probabilidade se torna ainda maior quando, uma vez concluída a graduação, o profissional não se acomoda com o que já absorveu de conteúdo e segue em uma especialização.  

Quem quer vencer os desafios para a inserção no mercado da engenharia civil e ter as melhores oportunidades de carreira que a área de engenharia pode oferecer deve focar em desenvolver as competências fundamentais, cada vez mais importantes para atuar profissionalmente. 

Existem diversas pós-graduações voltadas à engenharia civil. A AltoQi Education possui parceria com Instituições de Ensino Superior referência no mercado, além de uma Imersão BIM com especialistas de alto nível.

Prepare-se para as melhores oportunidades do mercado de trabalho da engenharia civil com as nossas soluções de ensino