A compatibilização em projetos vem ganhando força na construção civil. É uma visão uniforme que manter um fluxo de trabalho constante entre os participantes de um empreendimento, tais como engenheiros, arquitetos e construtoras, é benéfico tanto do ponto de vista da qualidade de uma edificação, quanto do ponto de vista econômico.
Nesse cenário, os projetos de uma edificação tornam-se ainda mais importantes nessa cadeia produtiva. É fundamental que os projetos de um empreendimento estejam compatibilizados entre si. Você pode ler mais sobre a importância da compatibilização de projetos no primeiro artigo desta série.
As principais consequências de um projeto mal compatibilizado ou sem compatibilização são:
Para ilustrar estas consequências, pense na seguinte situação:
Em um determinado empreendimento, os projetos hidrossanitário e estrutural não foram compatibilizados. Durante a execução, foi percebido que uma das tubulações do projeto hidrossanitário cruzaria com uma viga, sendo necessário a execução de um furo na viga, fato não previsto no projeto estrutural.
Sabe-se que este procedimento demanda um custo adicional, que engloba mão de obra, materiais e aparelhos específicos para executar a abertura na viga, além de gerar um atraso nas atividades do cronograma elaborado para a obra.
Como a execução de uma abertura em viga não foi prevista no projeto estrutural, torna-se essencial efetuar uma consultoria com o projetista responsável, para que o mesmo analise a necessidade de criar um reforço estrutural nas regiões da viga próximas à abertura. Outra opção seria verificar com o projetista responsável pelo projeto hidrossanitário se há outra solução de posicionamento da tubulação, para que ela não atravesse a viga.
Ambas atitudes consomem tempo significativo de análise dos projetistas e consequentemente, um atraso das atividades previstas em obra.
Em determinadas situações, os responsáveis pela execução de um empreendimento podem definir soluções sem consultar os projetistas responsáveis pela edificação, o que leva a improvisos em obra e, consequentemente, a perda de qualidade de uso e que em alguns casos, pode levar até mesmo a perda de segurança de uma edificação.
Você acha essas situações improváveis? Então veja este exemplo:
Na figura acima pode-se ver uma série de furos, extremamente próximos entre si, executados em vigas. Essa é uma situação que pode reduzir bruscamente a resistência destes elementos estruturais, gerando riscos de segurança na edificação.
Na figura abaixo, percebe-se um problema de compatibilização entre projeto estrutural e arquitetônico, no qual um pilar invade a região de uma esquadria.
Na figura seguinte há um desvio não previsto na tubulação de incêndio, devido à interferência com o projeto elétrico (eletrocalha)
Nesta outra figura, pode-se ver a passagem de fios elétricos pelo interior de um pilar, situação inaceitável do ponto de vista estrutural e que pode comprometer gravemente a capacidade de resistência do elemento.
Outros exemplos dessas situações podem ser vistos na dissertação “Análise de falhas aplicada à compatibilidade de projetos na construção de edifícios” de Claudia Maria Kattah Vanni, na qual a autora comenta:
“O resultado obtido foi que os problemas não chegavam ao setor de coordenação de projetos pelo fato dos entrevistados na segunda e terceira etapas (engenheiros e encarregados respectivamente) acharem que a solução demoraria a ser encontrada, pois a coordenadora teria que contatar os projetistas para fazer as devidas alterações, e estes teriam que se reunir para estudar a melhor solução a ser adotada para o problema. Como se sentiam pessoas experientes, eles próprios resolviam os problemas da maneira que achavam mais conveniente sem atrasar o cronograma da obra.”
Neste artigo, abordei as principais consequências da falta de compatibilização em projetos. No próximo artigo, vou escrever sobre soluções viáveis para compatibilizar projetos de estruturas. Até lá