estrutura de edifcio em 3d com estruturas de vidro
BIM

3 possíveis consequências da falta de compatibilização em projetos.

Tempo de leitura: 4 min.

A compatibilização em projetos vem ganhando força na construção civil. É uma visão uniforme que manter um fluxo de trabalho constante entre os participantes de um empreendimento, tais como engenheiros, arquitetos e construtoras, é benéfico tanto do ponto de vista da qualidade de uma edificação, quanto do ponto de vista econômico.

Nesse cenário, os projetos de uma edificação tornam-se ainda mais importantes nessa cadeia produtiva. É fundamental que os projetos de um empreendimento estejam compatibilizados entre si. Você pode ler mais sobre a importância da compatibilização de projetos no primeiro artigo desta série.

Quais as consequências da falta de compatibilização em projetos?

As principais consequências de um projeto mal compatibilizado ou sem compatibilização são:

  • Custos adicionais não previstos na construção
  • Atraso no cronograma de entrega do empreendimento
  • Redução da qualidade do empreendimento (improvisos em obra)

Para ilustrar estas consequências, pense na seguinte situação:

Em um determinado empreendimento, os projetos hidrossanitário e estrutural não foram compatibilizados. Durante a execução, foi percebido que uma das tubulações do projeto hidrossanitário cruzaria com uma viga, sendo necessário a execução de um furo na viga, fato não previsto no projeto estrutural.

Sabe-se que este procedimento demanda um custo adicional, que engloba mão de obra, materiais e aparelhos específicos para executar a abertura na viga, além de gerar um atraso nas atividades do cronograma elaborado para a obra.

Como a execução de uma abertura em viga não foi prevista no projeto estrutural, torna-se essencial efetuar uma consultoria com o projetista responsável, para que o mesmo analise a necessidade de criar um reforço estrutural nas regiões da viga próximas à abertura. Outra opção seria verificar com o projetista responsável pelo projeto hidrossanitário se há outra solução de posicionamento da tubulação, para que ela não atravesse a viga.
Ambas atitudes consomem tempo significativo de análise dos projetistas e consequentemente, um atraso das atividades previstas em obra.

Em determinadas situações, os responsáveis pela execução de um empreendimento podem definir soluções sem consultar os projetistas responsáveis pela edificação, o que leva a improvisos em obra e, consequentemente, a perda de qualidade de uso e que em alguns casos, pode levar até mesmo a perda de segurança de uma edificação.

Você acha essas situações improváveis? Então veja este exemplo:

Obras em fase de contrução com madeira e tijola a vista

Figura 1 – Incompatibilidade entre projetos hidráulico e estrutural
Fonte: Google imagens.

Na figura acima pode-se ver uma série de furos, extremamente próximos entre si, executados em vigas. Essa é uma situação que pode reduzir bruscamente a resistência destes elementos estruturais, gerando riscos de segurança na edificação.

Outros exemplos de falta de compatibilização em projetos

Na figura abaixo, percebe-se um problema de compatibilização entre projeto estrutural e arquitetônico, no qual um pilar invade a região de uma esquadria.

Dimensionamento de vigas

Figura 2 – Pilar invadindo região da esquadria
Fonte: Bruna Menegatti, 2015)

Na figura seguinte há um desvio não previsto na tubulação de incêndio, devido à interferência com o projeto elétrico (eletrocalha)

Projetos hidraulicos a vista

Figura 3 – Incompatibilidade entre projetos elétrico e de combate à incêndio
Fonte: Claudia Maria Kattah Vanni, 1999.

Nesta outra figura, pode-se ver a passagem de fios elétricos pelo interior de um pilar, situação inaceitável do ponto de vista estrutural e que pode comprometer gravemente a capacidade de resistência do elemento.

projeto eletrico passando por vigas e tijola a vista cortado

Figura 4 – Incompatibilidade entre projetos elétrico e estrutural
Fonte: Google imagens.

Outros exemplos dessas situações podem ser vistos na dissertação “Análise de falhas aplicada à compatibilidade de projetos na construção de edifícios” de Claudia Maria Kattah Vanni, na qual a autora comenta:

“O resultado obtido foi que os problemas não chegavam ao setor de coordenação de projetos pelo fato dos entrevistados na segunda e terceira etapas (engenheiros e encarregados respectivamente) acharem que a solução demoraria a ser encontrada, pois a coordenadora teria que contatar os projetistas para fazer as devidas alterações, e estes teriam que se reunir para estudar a melhor solução a ser adotada para o problema. Como se sentiam pessoas experientes, eles próprios resolviam os problemas da maneira que achavam mais conveniente sem atrasar o cronograma da obra.”

Neste artigo, abordei as principais consequências da falta de compatibilização em projetos. No próximo artigo, vou escrever sobre soluções viáveis para compatibilizar projetos de estruturas. Até lá