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A compatibilização de projetos na construção civil é uma tarefa de grande impacto positivo na cadeia produtiva e no ciclo de vida da edificação. Principalmente porque, atualmente, pode-se perceber uma evolução das demandas no uso da edificação e da grande variedade de disciplinas envolvidas nela. Também nota-se o surgimento de novas especialidades, em conjunto com a subdivisão de projetos.
Porém, não é raro haver uma desconexão destes pontos com a execução da obra, quando a compatibilização não está envolvida. Neste cenário, cada especialista se preocupa mais com o seu projeto, e não tanto com uma visão sistêmica, na qual o seu trabalho representa parte de um processo e que influencia nas demais etapas da edificação.
Essa falta de integração e produção em série traz consequências, como:
No caso de órgãos públicos, diferentemente da iniciativa privada, existem peculiaridades, as quais a compatibilização de projetos traz desafios específicos e complexos, que abrangem todas as etapas de uma edificação, inclusive em processos que antecedem o projeto, como é o caso das licitações.
O processo de contratação de projetos por órgãos públicos é diferente da iniciativa privada. Isso porque se faz necessário uma licitação, de acordo com a Lei de Licitações (Lei 8.666). Neste documento, há a necessidade do esclarecimento do escopo do projeto e dos itens a serem compatibilizados nas disciplinas envolvidas de forma bem detalhada., devido ao rigor dos trâmites legais e a possibilidade de haver erros.
Por isso, é preciso que os responsáveis pela elaboração de uma licitação busquem ser assertivos no detalhamento do trabalho e nos entregáveis.
Além disso, há diversas questões burocráticas que envolvem uma contratação de projetos por órgãos públicos, e o nível de exigência e detalhes desses documentos acabam tornando a construção de uma licitação em uma tarefa desafiadora, principalmente pela complexidade no levantamento dos requisitos necessários que envolvem o projeto da edificação a ser licitada.
Mas Com o advento de novas tecnologias como o BIM, nem sempre essa definição é tão simples pois envolve conhecimentos e experiências que nem sempre o corpo técnico do órgão possui, necessitando deu um treinamento ou consultoria para a composição desse material.
Com o desafio da elaboração de um escopo bem detalhado suplantado, vamos para o próximo passo, que é contratar uma mão de obra adequada com o nível de exigência definido no escopo do projeto. Diferentemente da iniciativa privada, os órgãos públicos seguem diversos trâmites e regras para efetivar essa contratação, não eficácia, caso seja comprovado que a mão de obra não possui a qualificação necessária para atender os requisitos de projeto.
De novo, aqui, deparamo-nos com a questão da qualificação que atenda as novas tecnologias. No caso do BIM, sabemos que a sua aplicação está em ascensão, estamos em fase de transição do processo atual consolidado em CAD para um processo novo, baseado na construção virtual da edificação.
Isso ocasiona um grande impacto nos escritórios fornecedores de projetos para os órgão públicos, pois será necessária mudanças no perfil dos fornecedores que vai da infraestrutura tecnológica (hardware e softwares), novos processos e para fechamento dessa tríade uma mão de obra com novas habilidades e conhecimentos.
É muito comum encontrarmos nesses escritórios Equipes enraizadas em processos antigos e que não possuem conhecimento da nova metodologia, vislumbrando apenas como uma nova onda passageira ou confundindo BIM como apenas sendo um software de modelagem 3D Revit. Dificuldade em aceitar a necessidade de mudança de metodologia.
Profissionais na zona de conforto de processos tradicionais em CAD 2D já estabelecidos na organização, reagentes a mudanças e com o medo do desconhecido e sua curva de aprendizado. Apesar dos diversos entraves que ainda existem para a adoção do BIM, a tecnologia de modelagem de informações consegue automatizar os processos de análise e aumentar a confiabilidade da compatibilização.
Na esfera pública esse desafio possui algumas ressalvas porque na abertura de licitação de um projeto de uma edificação devido a diversidade de especialidades e disciplinas, normalmente poucos escritórios irão conseguir contemplar todas as exigências, então o que ocorre na prática que empresas de diversos estados podem ganhar a licitação.
Nesse cenário a comunicação efetiva é chave do sucesso, na qual novas ferramentas e novos conceitos modernos são necessários para substituir processos informais e ineficazes que muitas vezes geram grandes problemas, ruídos e gargalos no desenvolvimento dos projetos atuais.
Se for em BIM o projeto o Fluxo de projeto necessita de colaboração de todos os projetistas de forma ativa e interativa em todas as fases de projeto, informando incompatibilidades que estão acontecendo nas análises de interferências, visualizando os outros sistemas e colocando as informações que são necessárias para as demais disciplinas
A comunicação efetiva é primordial, pois a coordenação de vários projetos é uma tarefa fundamental para que se evite a entrega de projetos com conflitos, que se não resolvidos a tempo na fase de projetos acabam gerando grandes transtornos como:
Para os gestores de obras públicas, na qual na sua maioria não elaboram os projetos, mas contratam e fiscalizam esse é um ponto crucial, pois é de grande responsabilidade garantir que a qualidade das entregas atenda aos requisitos exigidos no escopo da contratação.
Essa tarefa muitas vezes exigem um grande esforço das equipes em conferências manuais e trabalhosas e com grande desperdício de tempo. Pois caso sejam encontrados problemas os mesmos devem ser reportados com urgência para que as equipes de projetos resolvam, caso contrário teremos consequências danosas com vistos nos itens acima.
E como na esfera públicas os prazos, recursos e cronogramas possuem outras variáveis complicadoras que não existem na iniciativa privada devido a Lei das licitações, temos a questão de aditivos e a possibilidade de recontratação de novas equipes de projeto diferentes das atuais para efetuar os ajustes podendo gerar ainda mais problemas e esforço de tempo e recursos financeiros.
Como vimos, são vários os desafios na compatibilização de projetos em órgãos públicos, os quais vão além dos listados acima. Nesse artigo, focamos em órgãos públicos que contratam os projetos e a compatibilização, mas podem haver outras realidades e tipos de contratação.
De todo o modo, podemos perceber que muitos desafios se parecem com os da iniciativa privada, já outros são exclusivos das instituições públicas, devido às normas, regras e leis que regem o sistema de contratação.
De qualquer forma, para ambos, podemos evidenciar que o BIM é um grande aliado para contribuir na melhoria do processos e benefícios para toda a cadeia da construção,sem esquecer, é claro, que para que a metodologia funcione, é necessário uma mudança nos processos atuais, que envolvem tanto pessoas quanto a disponibilidade de novas tecnologias.
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Abraço e bons projetos!