Para driblar esses desafios, é necessário compreender algumas questões já apresentadas no post sobre reuso de água em edificações:
Fizemos uma introdução importante sobre os tipos de águas – pluviais , cinzas e de lençol freático de fundação que podem ser utilizadas em um projeto de reaproveitamento de água. Agora, vamos conferir algumas recomendações e alternativas técnicas de engenharia para colocar em prática um sistema.
Algumas alternativas técnicas já estão sendo paulatinamente aplicadas às edificações. Outras ainda devem ser implementadas, melhoradas e criadas para um melhor aproveitamento do reuso de água em edificações e um foco na conservação da energia sustentável.
Para aplicar técnicas de engenharia eficazes ao projeto de reuso de água pluviais deve-se considerar os seguintes aspectos:
– remoção de partículas maiores e menores;
– melhoria dos aspectos físico-químicos da água de reuso: cor, odor, turbidez, ph;
– necessidade de descarte das primeiras chuvas;
– porte da edificação e tipo de sistema e equipamentos aplicáveis;
– quantidade de água a reservar;
– filtração;
– desinfecção;
– manutenção do sistema.
Sendo assim, chegaremos a um sistema que contempla as seguintes unidades: grelhas de proteção no início de tubos de queda pluviais para filtrar materiais maiores; dispositivo de descarte da primeira chuva; filtro; clorador; sistema de reservação de água de reuso e programa de operação e manutenção predial.
– Armazene a água por um período de, no máximo, 24 horas para o consumo diário das válvulas de descargas. Após 24h de retenção, as bactérias existentes nas águas cinzas começam a se reproduzir, causando mal cheiro, o que resultaria em um problema muito indesejável em uma edificação.
– A água da chuva não pode ser armazenada na mesma cisterna que as águas cinzas, porque estas últimas são menos contaminadas.
– Deve ser feito um estudo preliminar da vazão diária no empreendimento para se ter certeza de que economicamente será viável criar e implantar um projeto de reuso de água.
– Em caso de reuso em descargas sanitárias, os indicadores devem ser de, no máximo, 1000 CF/100 ml , 800 EC/100 ml ou 100 Enterococos/100 ml, de acordo com o determinado para recreação de contato primário pela Resolução CONAMA 274/2000.
– Em caso de reuso para irrigação ou jardinagem deve-se cuidar com os produtos químicos para evitar a contaminação do lençol freático e a própria
contaminação das culturas por compostos xenobióticos.
– O reservatório inferior deverá ter um ladrão para que o excesso de água, ao atingir o limite do volume estipulado para reuso, seja direcionado à rede de esgoto.
– O reservatório superior deverá ser esvaziado, caso não haja utilização nas bacias sanitárias em 48h.
– O sistema de distribuição das águas cinzas deverá ter coloração diferenciada e ser completamente separado dos outros sistemas para evitar contaminação cruzada.
– A desinfecção é essencial para o sistema de reuso das águas cinzas em descargas sanitárias, lavagem de roupas, pisos e carros, a fim de eliminar bactérias e vírus.
– A sedimentação e filtração são essenciais para eliminação de protozoários e helmintos.
– As águas cinzas representam uma fonte constante de água para usos em descargas sanitárias, onde a potabilidade não é fator preponderante.
– Na hora de elaborar o projeto de reuso de água, não devemos prever a mistura de águas pluviais e cinzas. Aliás, o próprio armazenamento é diferente. As águas pluviais precisam de um reservatório maior. Já as águas cinzas são contaminadas.
– Deve-se apresentar claramente a todos os usuários do sistema de reuso a importância de reaproveitar as águas cinzas, os riscos a que estão sujeitos e os cuidados que devem ser tomados.
– É fundamental a existência de prumadas específicas para a condução de água de reuso aos seus pontos de consumo, a serem previstas no projeto hidráulico de um novo empreendimento sustentável ou em retrofit.
– Execute um estudo hidrogeológico do entorno da obra, avaliando o tipo do solo, o lençol freático e seu comportamento.
– Verifique a qualidade da água do lençol freático quanto a sólidos em suspensão, cor, turbidez, ph e organismos infecto-contagiosos e a viabilidade de aproveitamento.
– Avalie a fundação das edificações vizinhas. Algumas fundações existentes devem permanecer em contato constante com água. Ao desconfigurar o lençol freático pode-se impactar negativamente as fundações de estruturas prediais vizinhas, podendo acarretar o colapso das mesmas.
– O poço de recalque destas águas deve ter necessariamente duas bombas, para dar suporte a eventuais falhas em uma delas. Ao pifar uma, a outra deve entrar automaticamente em operação.
– As estruturas do poço devem resistir às forças de empuxo do lençol freático, principalmente a tampa de inspeção. No caso de falta de energia, o sistema de bombeamento irá parar e a pressão do lençol deve ser resistida pela estrutura do poço, de forma a não extravasar água do lençol freático para o subsolo da edificação.
– A existência de gerador na edificação garantiria 100% o suprimento de energia elétrica para o funcionamento das bombas.
Gostou das informações? Fique ligado no blog que em breve vamos lançar um e-book completo sobre projeto de reuso de água.