Gestão de custos em projetos com BIM: orçamento, projeto e execução

Descubra como o BIM está transformando a gestão de custos na construção civil e veja como aplicar isso nos seus projetos.

Tempo de leitura: 7 min.
Escrito em 5 nov 2025     Atualizado em 5 nov 2025

A Jornada Next Level, uma série de webinários promovida pela AltoQi em parceria com a Sinaenco e a Bilds, tem reunido especialistas de diferentes áreas da engenharia e arquitetura para discutir os caminhos da transformação digital na construção civil.

Nesta edição, o tema foi “Gestão de custos em projetos com BIM”, um assunto essencial para quem busca unir tecnologia, eficiência e previsibilidade nos empreendimentos.

Se você perdeu a transmissão, pode assistir ao vídeo completo abaixo — e, a seguir, mergulhar em um conteúdo que resume e aprofunda as ideias apresentadas no evento.

Entendendo o impacto da gestão de custos em projetos com BIM no setor da construção

Mais do que uma tendência tecnológica, o BIM (Building Information Modeling) é hoje uma estratégia de integração e previsibilidade, permitindo decisões mais inteligentes desde as etapas iniciais de um empreendimento.

A gestão de custos em projetos com BIM vem transformando a forma como profissionais da construção civil planejam, projetam e executam obras. 

Se antes orçamentos eram elaborados com base em suposições e planilhas isoladas, o cenário mudou.

Agora, é possível conectar projeto, orçamento e execução de forma colaborativa, visual e integrada, reduzindo desperdícios e aumentando a precisão dos custos.

O que é gestão de custos em projetos com BIM?

A gestão de custos em projetos com BIM consiste em usar modelos digitais inteligentes para planejar e controlar o investimento de uma obra

Isso significa integrar dados de projeto, quantitativos, prazos e orçamentos em um único ambiente virtual.

Em vez de trabalhar com informações desconexas, o BIM cria um modelo 3D rico em dados, no qual cada elemento da edificação — parede, piso, esquadria — possui atributos de custo e tempo.

Assim, a simulação orçamentária se torna dinâmica e visual, permitindo ajustes rápidos e decisões assertivas antes que o primeiro tijolo seja assentado.

Por que integrar orçamento, projeto e execução?

Com a complexidade crescente dos empreendimentos imobiliários, integrar as áreas é questão de sobrevivência competitiva.

Segundo um estudo da Falconi, 65% das obras apresentam desvios de custo e 89% de prazo. O mais preocupante: 59% dos desvios ocorrem antes do início da obra, nas fases de planejamento, projeto e orçamento.

Esses números mostram que o problema não está apenas no canteiro, mas na falta de integração entre as etapas anteriores. O BIM vem justamente para mudar isso.

O canteiro de obras digital: errar no virtual para acertar no real

Um dos conceitos mais poderosos da gestão de custos em BIM é o canteiro digital. Um espaço virtual onde o projeto é construído, testado e corrigido antes da execução real.

Como explicou o engenheiro André Ferraro, da Nord Soluções, no último webinário da Jornada Next Level:

“No canteiro digital, o erro custa centavos e segundos. No físico, custa milhares de reais e semanas de atraso.”

Dentro desse ambiente virtual, é possível simular diferentes cenários: mudanças de materiais, soluções estruturais, impactos de prazos e variações de custo.

Assim, a construtora toma decisões baseadas em dados, e não em achismos.

Como a Nord Soluções fez isso na prática

Em um empreendimento em Florianópolis, a Nord Soluções realizou três revisões de orçamento em seis meses, todas conectadas ao modelo BIM. 

Com o uso do Visus, da AltoQi, foi possível integrar quantitativos, custos e decisões comerciais em tempo real. 

O resultado foi mais clareza, controle e previsibilidade, mesmo com o aumento de custos da mão de obra.

A democratização do BIM no Brasil

Durante o webinar, André destacou que a AltoQi está democratizando o BIM

Hoje, mesmo projetos de pequeno porte, como casas ou edifícios de poucos pavimentos, já podem adotar a metodologia.

O desafio não está mais na tecnologia, mas na consciência dos profissionais e clientes.

Muitos incorporadores já recebem projetos em BIM sem perceber, e cabe aos consultores mostrar como essa base pode ser usada para criar uma gestão digital completa.

A percepção do mercado: público e privado

Mercado privado

No setor privado, ainda há resistência. Muitos clientes enxergam o BIM apenas como um software ou formato de entrega (IFC, Revit etc.), sem entender o seu valor como processo colaborativo.

Os especialistas precisam mostrar o benefício financeiro direto: previsibilidade, redução de retrabalhos e segurança nas decisões.

Mercado público

Já o setor público avança mais rapidamente.

A Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) e decretos recentes exigem o uso do BIM em obras contratadas por órgãos públicos.

Isso tem impulsionado o desenvolvimento de projetos mais completos e integrados, com entregas que incluem orçamento referencial e cronograma físico-financeiro.

Erros comuns ao aplicar o BIM na gestão de custos

Mesmo com todos os avanços, muitos profissionais ainda cometem erros que limitam o verdadeiro potencial do BIM.

Entender esses deslizes é o primeiro passo para evitá-los e garantir resultados consistentes na gestão de custos em projetos com BIM.

Tratar o BIM apenas como um software

Um dos erros mais recorrentes. Quando isso acontece, as equipes acabam fragmentadas, e as informações deixam de circular entre áreas como projeto, orçamento e execução.

Para evitar esse problema, é essencial encarar o BIM como um processo colaborativo, que integra pessoas, etapas e informações em um único fluxo de trabalho.

Exagerar no nível de detalhamento do modelo

Outro equívoco comum. Embora o detalhamento seja importante, o excesso pode gerar retrabalho, aumentar custos e atrasar entregas.

A solução é focar no nível de informação realmente necessário para cada etapa do projeto. Nem mais, nem menos.

Negligenciar a coordenação central

Sem alguém que garanta a coerência entre os modelos, orçamentos e cronogramas, o risco de desalinhamento é alto.

Ter um coordenador BIM ou de projetos é fundamental para manter o processo integrado e evitar erros de comunicação.

Ignorar o pós-obra

Um deslize que se repete em muitos empreendimentos. 

Quando não há retroalimentação entre as etapas, os mesmos problemas acabam se repetindo em novos projetos.

A chave está em usar os dados reais de manutenção e operação para melhorar continuamente os processos e tornar cada obra mais eficiente que a anterior. 

Como garantir uma gestão de custos eficaz com BIM

A gestão de custos em projetos com BIM depende menos de ferramentas e mais de processos e pessoas alinhadas. Veja os pilares essenciais:

1. Planejamento colaborativo

Todos os envolvidos — projetistas, orçamentistas, engenheiros e gestores — precisam trabalhar no mesmo ambiente de informação.

Isso evita o retrabalho e cria uma visão única do empreendimento.

2. Qualidade da informação

Não basta ter um modelo bonito em 3D.

O essencial é que os dados associados a cada elemento sejam corretos e consistentes — espessuras, materiais, revestimentos, níveis, pavimentos etc.

3. Retroalimentação constante

Durante o desenvolvimento e a execução, as falhas e ajustes precisam ser comunicados ao time de projeto.

Essa retroalimentação é o que garante a melhoria contínua e transforma o BIM em uma ferramenta de aprendizado organizacional.

4. Foco no processo, não apenas na ferramenta

Como destacou Diego Bieger, da Firma Company:

“Não foque apenas no software ou no BIM em si. Foque em entender a obra, o cliente e o processo. O BIM é o meio, não o fim.”

Ferramentas que potencializam o BIM

A tecnologia é o suporte do processo.

Ferramentas como o Visus, da AltoQi, ajudam a extrair quantitativos, visualizar modelos, reclassificar elementos e integrar dados de custos.

Essas soluções tornam o processo mais ágil e reduzem erros na conversão de informações entre projeto e orçamento.

Mas o verdadeiro diferencial está em como você usa a ferramenta para resolver problemas reais — desde prever interferências de projeto até antecipar variações de custo em materiais e mão de obra.

Como começar: o caminho das pedras

Se você quer implementar a gestão de custos em BIM, siga estas etapas:

  1. Comece pequeno: escolha um projeto-piloto.

  2. Defina processos claros: padronize nomenclaturas, parâmetros e fluxos de revisão.

  3. Busque parceria com coordenadores de projeto: a integração é fundamental.

  4. Capacite sua equipe: invista em treinamento prático, não apenas técnico. 

  5. Implemente ferramentas BIM de forma gradual: comece com o que gera valor imediato, como extração de quantitativos e compatibilização. 

Esses passos constroem uma base sólida para evoluir em direção à Gestão Digital da Construção (GDC) — conceito que une tecnologia, colaboração e tomada de decisão inteligente.

Conselhos de especialistas

“Busque coordenação de projetos desde o início. É o caminho mais rápido e efetivo para integrar processos e entregar resultados reais.”

- André Ferraro, Nord Soluções


“Entenda a obra e o cliente. BIM não é fim em si mesmo, é ferramenta para resolver problemas.”

Diego Bieger, Firma Company

Essas duas visões resumem o espírito da gestão de custos com BIM: conhecimento técnico aliado à experiência prática.

O futuro da construção é integrado e digital

Adotar a gestão de custos em projetos com BIM é mais do que atualizar ferramentas. É mudar a mentalidade da construção civil.

Ao integrar projeto, orçamento e execução em um fluxo contínuo, você reduz incertezas, elimina desperdícios e aumenta a rentabilidade das obras.

A transformação digital da construção já começou, e o BIM é o eixo que conecta tecnologia, eficiência e colaboração.

Quem domina essa integração não apenas economiza, mas constrói com inteligência.

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