No passado, as estruturas projetadas eram, em sua maioria, menos sofisticadas, compostas por elementos estruturais com menor esbeltez, vãos e número de pavimentos. Atualmente, o cenário é outro: as estruturas são mais altas e esbeltas e a arquitetura mais arrojada, o que leva à necessidade de maiores vãos. Todas essas mudanças tornaram as estruturas mais deformáveis, sendo ainda mais importante a avaliação das condições em serviço, que é a verificação da durabilidade e de fissuras, deslocamentos e flechas em estruturas.
Segundo o item 6.1 da NBR6118:2014, “as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil.” Assim, ao conceber uma estrutura que não atenda às condições de serviço, é certa a necessidade de reparos na edificação, o que gera transtornos e custos não previstos no orçamento inicial.
Segundo Helene (1988), os custos da intervenção crescem em uma progressão geométrica para cada etapa do processo construtivo e de uso do empreendimento. Na figura abaixo, observa-se que para cada correspondência de etapa o custo segue em uma progressão geométrica de razão cinco.
Abaixo, algumas situações de edificações que não atendem aos requisitos de desempenho em serviço estabelecidos na NBR6118:2014, seja pela presença de fissuras e/ou deslocamentos elevados.
Nesse contexto, cabe uma reflexão: os profissionais responsáveis pela elaboração de projetos estruturais estão dando a devida atenção às condições de serviço em estruturas? Devemos ter em mente que esta correta avaliação tem grande importância, pois pode evitar futuros problemas de qualidade e durabilidade na edificação.
Casos reais de patologias nas edificações: fissuras e deformação excessiva
Apresentamos alguns casos reais de problemas causados por fissuras e/ou deformação excessiva em estruturas, disponíveis no artigo do professor Eduardo Christo Silveira Thomaz, do IME (Instituto Militar de Engenharia):
Exemplo 11 – Deslocamentos elevados em lajes lisas de edifícios em concreto armado ou protendido.
Exemplo 45 – Deslocamentos elevados em lajes cogumelo sem viga de bordo e com alvenaria sobre elas.
Exemplo 106 – Deslocamentos elevados em edifício de concreto armado.
Exemplo 109 – Deslocamento elevado de laje em balanço em prédio com 2 pavimentos.
Exemplo 167 – Fissuras estruturais na interface das paredes de alvenaria com as vigas em prédio.
Diante do exposto, percebemos que a análise das condições de serviço deve fazer parte de um bom projeto estrutural. Saber identificar quando uma estrutura pode apresentar flechas excessivas e/ou aberturas de fissuras elevadas e o que fazer para corrigir estas situações é fundamental para obter a qualidade e durabilidade esperadas em uma estrutura.
Acompanhe nossos próximos posts sobre a análise das condições de serviço em estruturas e compartilhe as suas experiências nos comentários.