Minha primeira consideração sobre projetar em BIM é a notável diferença de trabalhar sob um novo conceito de de concepção, mesmo em projetos de pequeno porte.
Enquanto em projetos com disciplinas isoladas a principal preocupação em compatibilização é evitar os problemas gritantes, no conceito de projetos em BIM a edificação é construída virtualmente, integrando todas as disciplinas do mesmo projeto, o que traz novos desafios ao profissional. Para lidar com estes desafios, é necessário mudar a nossa visão de como projetar e ter em mãos ferramentas adequadas para alcançar este objetivo.
Este projeto, apesar de ser de pequeno porte, apresentou desafios e situações que exigiram o uso soluções estratégicas, como furo em vigas, emprego de outros materiais na estrutura de concreto e declividade na tubulação.
Tipo de edificação: Edificação mista residencial e comercial
Dimensões da edificação: Edificação composta por uma fábrica têxtil no pavimento térreo e um apartamento no pavimento superior.
Localização: Treze de Maio – Santa Catarina
Status do empreendimento: Em construção
Projeto arquitetônico: Arqª Daniela Zanella
Projetos estrutural, elétrico, hidrossanitário e gás: Eng.º Civil Edvanio Pacheco Teixeira
Ferramentas utilizadas durante a fase de projetos:
Projeto estrutural: Eberick
Projeto hidrossanitário: QiBuilder – QiHidrossanitário
Projeto elétrico: QiBuilder – QiElétrico
Projeto gás: QiBuilder – QiGás
Gerenciamento de projeto e compartilhamento dos arquivos: QiCloud
O primeiro ponto de atenção ao conceber um projeto em BIM, deve ser garantir que posicionamento X, Y e Z da edificação esteja padronizado em todas as disciplinas, para que seja possível mesclar os modelos 3D.
Nesta edificação, os projetos arquitetônico, estrutural e de instalações foram padronizados com o ponto 0,0,0 da edificação no canto superior esquerdo do pavimento Térreo. Esse alinhamento possibilitou juntar os modelos sem maiores dificuldades, pois as disciplinas encaixaram perfeitamente na edificação.
A modelagem inicial do projeto estrutural, desenvolvido no Eberick, segue o fluxo do conceito usual de projetos. O posicionamento real dos elementos em 3D para análise e detalhamento facilita o lançamento inicial da estrutura, que ainda precisa ser validado junto a arquitetura. Para isso, os recursos de exportação .IFC e Qi3D, que é um arquivo de comunicação entre as plataformas da AltoQi, foram essenciais. Além da validação, com a estrutura 3D do projeto foi possível iniciar os projetos elétrico e hidrossanitário.
Com a edificação montada e a arquitetura posicionada, importamos a estrutura 3D do Eberick na plataforma QiBuilder, para usar como referência no projeto. Na concepção do projeto elétrico, a visualização conjunta da estrutura 3D foi fundamental em trê situações: o posicionamento da eletrocalha faceando as vigas superiores, alocar a rede sobrepor rente aos pilares e lançar os eletrodutos contornando as regiões com pilares.
No projeto hidrossanitário, fica ainda mais evidente a diferença em conceber o projeto seguindo um modelo integrado. Ao modelar com a atenção adicional no 3D, surgiu o desafio de definir exatamente a posição dos tubos conforme a sua inclinação. Felizmente, a plataforma QiBuilder conta com o recurso de aplicar declividade, onde basta lançar o projeto de esgoto com as inclinações necessárias e efetuar o comando “aplicar declividade”, para obtermos automaticamente a posição real da tubulação de esgoto. Com esse dado, é possível configurar no Eberick, a abertura necessária na viga, que também compatibiliza com as demais instalações.
No projeto estrutural em que surgiu a necessidade de realizar um furo para a passagem da rede de esgoto, a viga passou a ser dimensionada e detalhada para suportar esta abertura.
O recurso de declividade da plataforma QiBuilder ajudou a superar outro desafio desse projeto: as entradas em níveis diferentes nas caixas de passagem. O comando de aplicar inclinação já considera se a caixa de passagem é pré-moldada ou moldada in loco, para determinar as variações nas cotas de entrada e saída das caixas de passagem.
Posso assegurar que, mesmo sendo uma obra de pequeno porte, a concepção do projeto em conceito BIM, proporcionou benefícios nos seguintes aspectos:
O modelo 3D mais realista com informações reais do projeto facilitou a apresentação e esclarecimento de dúvidas junto ao cliente. Visualizar uma construção virtual da obra ao invés das tradicionais plantas técnicas tornou a compreensão do projeto mais espontânea, fluida e o cliente se sentiu mais seguro com a solução.
O cálculo é simples. Quanto melhor compatibilizado seu projeto, menos tempo você gastará na assistência de dúvidas para execução.
Projetar em BIM praticamente anulou o tempo gasto em assistência por problemas de compatibilidade nesse projeto. E embora muitas vezes o tempo gasto para tirar dúvidas simples ou visitas de conferência na execução não seja contabilizado, os impactos positivos com o ganho de tempo são consideráveis.
A precisão na concepção do projeto também permitiu fornecer ao cliente um quantitativo praticamente exato com o consumido in loco.
Talvez este seja um dos mais importantes ganhos do BIM. Resolver as incompatibilidades entre disciplinas na etapa de concepção do projeto traz maior garantia que a obra seja executada conforme planejado.
É comum o sentimento de frustração e insatisfação quando a execução não segue nossos projetos de instalações, no entanto é preciso perceber que quando não há compatibilização entre as disciplinas, estamos sujeitos às modificações em obra para adequar a construção.
Por mais que o ideal seria o executor contatar o projetista, ainda existe no Brasil a cultura que tudo pode ser resolvido na obras, sem considerar o custo disso. Por isso é cada vez mais necessário projetar em BIM, mesmo em projetos de pequeno porte. Este é um caminho sem volta e a mudança já começou.
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