O uso do BIM está relacionado a todo o ciclo de vida da edificação. Através do BIM 3D, o modelo com informações e funcionalidades, traz como uma das principais vantagens a análise de interferências, também chamadas de clash detection. Desta forma, é possível antecipar os problemas e soluções de interferências físicas entres as diversas disciplinas da obra, através da sua construção virtual.
Depois, se adicionarmos a variável “tempo” a esse modelo, teremos outra dimensão do BIM chamada de 4D, que se refere ao planejamento inteligente da obra.
Por conseguinte, se adicionarmos a variável “custo”, temos o BIM 5D, que nos permite efetuar orçamentos mais assertivos e um cronograma físico-financeiro mais realista e previsível, devido a riqueza de informações disponíveis no modelo, e sua forma automática e precisa de extração de quantitativos e insumos.
Essa nova metodologia aliada com suas ferramentas tecnológicas proporcionam ao profissional de orçamento um nova perspectiva, com foco na análise estratégica dos dados, ao invés de gastar um grande e valioso tempo em tarefas operacionais voltadas à extração dos mesmos.
O método utilizado para o levantamento de quantitativos e geração de orçamentos ainda é realizado por muitos escritórios de forma manual, demandando muito tempo e atenção para que não passe nada despercebido e ocasione problemas. Isto também pode significar que o método utilizado está é impreciso e altamente sujeito a erros.
Esses profissionais recebem projetos de engenharia em CAD ou impressos, verificam os memoriais descritivos, na qual são descritas as soluções adotadas para cada disciplina de projeto: arquitetura, estrutura, instalações, entre outras. Após a análise das informações, identificam os serviços e suas dimensões, considerando seus aspectos técnicos de execução e os quantitativos.
Nessa etapa, a interpretação e medição de plantas 2D em CAD pode ocasionar erros, desperdícios, falta de precisão, devido a quantidade de itens que são necessários para a execução, mas não estão representados no desenho. Vale lembrar que este é um objeto de grande pressão ao profissional envolvido, pois os orçamentos, geralmente, possuem uma margem de erro permitida, que pode variar de acordo com a fase de projeto e ser de grande importância para definição do custo e prazo da obra.
Por exemplo, em obras públicas, como demonstrado na tabela abaixo, é possível avaliar a precisão esperada na estimativa de custo de uma obra, em relação as suas fases, e a margem para cada uma. A precisão dessas estimativas de custos estará totalmente relacionada a forma na qual os quantitativos foram extraídos e a confiabilidade dos seus dados.
A próxima etapa é o cruzamento de informações de tabelas de custos para montagem das composições e geração final do orçamento. Para isso, são utilizadas planilhas para realização dos cálculos e tabelas de preços de insumos e mão de obra, como SINAPI da Caixa Econômica Federal, além de outras como: TCPO, DEINFRA, SICRO, ou ainda, tabelas próprias.
As ferramentas BIM de autoria para elaboração de projetos são de grande importância no processo de orçamentação do BIM 5D. Com elas, é possível gerar modelos 3D da edificação já com as informações de insumos, permitindo a extração automática de quantitativos com alto nível de precisão.
Essas ferramentas, sejam de modelagem, como o Revit ®, ArchiCAD ® e Vectorworks ®, ou de autoria de projetos, como o QiBuilder ®, possuem funcionalidades para extração de quantitativos e manipulação de quantitativos e insumos.
Além das ferramentas citadas acima, existem no mercado uma gama de ferramentas especializadas no BIM 4D e 5D, como o QiVisus ®, AutoDESK Navisworks ® e Trimble Vico ®, que podem importar os modelos 3D da edificação em diversos formatos, como o IFC em formato aberto: OpenBIM, exportado pelas ferramentas BIM de projetos.
Passo 1 – Extração de quantitativos
Com a utilização de uma ferramenta BIM para a elaboração de projetos de instalações elétricas, como o QiBuilder, é possível obter os quantitativos de forma automática. Desta forma, os elementos do cadastro de peças possuem dados capazes de conceber composições de itens e insumos. Eles são construídos a partir de várias regras e são quantificados de forma automática após o lançamento do projeto.
As listas de materiais também são geradas de forma instantânea com rapidez e com alto nível de precisão, podendo ser obtidas da obra completa, por pavimento, por quadro ou por circuito. Isso aumenta a produtividade do processo, pois não é necessário fazer levantamentos manuais, demorados e imprecisos, como os realizados com base apenas em desenhos CAD 2D. Caso haja alterações, o retrabalho é praticamente nulo.
Com o quantitativo extraído com precisão da ferramenta BIM de autoria é possível elaborar rotinas “Macros” de planilhas eletrônicas como Excel para a automação do cruzamentos das informações das tabelas de custos e insumos como a SINAPI para montagem das composições e geração final do orçamento.
Buscando a evolução dos processos de orçamentação, as empresas de tecnologia na construção civil, visam cada vez mais desenvolver ferramentas que tragam a automação dos processos de extração dos quantitativos e cruzamento de dados com as tabelas de bases de custo afim de aumentar a produtividade e garantir a qualidade. Neste contexto destacamos a solução QiVisus da AltoQi.
O programa QiVisus BIM 5D é um software independente e OpenBIM, no qual é possível importar arquivos de modelo IFC gerados por outras ferramentas BIM, de onde pode-se extrair de forma automática os quantitativos de todos os itens modelados nas fases de concepção dos projetos, sendo estes de origens, estruturais, arquitetônicos, instalações entre outros.
O QiVisus trabalha com modelos federados ou individuais, e usa as informações derivadas do modelo IFC para extrair quantitativos de acordo com regras de extração definidas pelo usuário, gerando uma lista de quantitativos organizada em uma estrutura analítica de projeto (EAP) definidas pelo orçamentista.
Para a fase orçamentária o programa conta com um banco de dados constantemente atualizado, onde disponibiliza os referenciais de custo SINAPI da Caixa Econômica Federal e SICRO, sendo possível ainda, incluir tabelas de custos própria do orçamentista, permitindo a associação entre o quantitativo e as composições de custo unitário diretamente de dentro do programa.
Desta maneira, ao finalizar a vinculação das composições, é possível gerar diversos relatórios automáticos do orçamento, como por exemplo: relatórios de curva ABC, relatórios de quantitativo, relatório de insumos, relatórios de orçamento entre outros.
Além da redução do tempo desprendido para o orçamento, contribui significativamente no fluxo de trabalho colaborativo em BIM, extrai dados precisos de forma assertiva, criando orçamentos com confiabilidade, bem como, minimiza retrabalhos em possíveis atualizações de preços e projetos.
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Outras soluções disponíveis no mercado são softwares de orçamento, que interagem com as ferramentas BIM diretamente através de “Plugins”, ou ainda, da importação dos quantitativos gerados nos formatos *.XLS, *.Txt, *.CVC ou modelos IFC com as informações dos insumos, podendo citar sistemas como OrçaFascio ®, Volare Sisplo BIM ®, ou sistemas de gestão ERP como o SIENGE ®.
Neste fluxo, os plugins como: OrçaFascio ® e Volare Sisplo BIM ® são instalados em ferramentas de modelagem como o Revit, permitindo extrair automaticamente os quantitativos do projeto, por meio de critérios definidos pelo usuário, com criação de diversas fórmulas, vinculando esses quantitativos com as tabelas de composições, como SINAPI, TCPO, entre outras, para a montagem de um orçamento preciso.
O uso desses sistemas especialistas proporcionam diversas vantagens, com destaque para a dispensa do uso de planilhas de quantitativos, composições e cruzamentos de dados manual, ou através de macros. Outra vantagem é a integração com todos os envolvidos, devido aos arquivos serem também armazenados na nuvem, através das aplicações web.
Devido a todos os benefícios do BIM, especialmente no que se refere às obras públicas, o Brasil decidiu adotar o BIM seguindo a tendência mundial. Na esfera pública, iniciativas de órgãos das Forças Armadas e Governos Estaduais, como o de Santa Catarina, além do Comitê Estratégico de Implantação BIM, criado pelo Governo Federal, apontam o uso do BIM na busca de maior assertividade nas obras públicas, desde sua licitação, projeto, execução, custos e principalmente durante a fiscalização.
Diante deste cenário, o orçamento mostra ter um papel extremamente importante, até porque o uso do BIM se tornará obrigatório a partir de 2021 para projetos e construções brasileiras, conforme preconiza a Estratégia BIM BR, que foi instituída através do decreto 9.377/18. A proposta do Governo é que o escalonamento para a EXIGÊNCIA do BIM ocorra em três fases.
1ª Fase (a partir de janeiro de 2021): tem como foco os projetos de arquitetura e engenharia que são relevantes para a difusão do BIM.
2ª Fase (a partir de janeiro de 2024): visa estágios da obra como o planejamento, execução e o orçamento que também possuem grau de importância para a propagação do BIM.
3ª Fase (a partir de janeiro de 2028): Esta última fase tem o intuito de abranger todo o ciclo de vida da obra e as demandas pós-obra.
A aplicação de orçamentos com o BIM 5D na questão de obras públicas gera inúmeras vantagens, tais como:
Redução de aditivos de contrato, evitando obras mais caras do que o planejado e que normalmente estouram o orçamento previsto;
Desperdício do dinheiro público e desgaste político dos gestores;
Favorecer a transparência nas obras públicas, permitindo um acompanhamento em tempo real do cronograma físico financeiro do andamento de cada etapa da obra.
O orçamento é muito mais amplo e abrangente do que uma estimativa de custo, ele também está relacionado ao setor de compras, medições de serviços, planejamento de mão de obra, definição de cenários de apoio, tomada de decisão e a geração de cronogramas físico-financeiro. Por isso, é fundamental estar atualizado com essas tendências e entregar o melhor para o mercado e, é claro, para o seu cliente.
EASTMAN, Chuck et al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Bookman Editora, 2014.
AGENCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI). Projeto Guias Técnicos BIM – EDIFICAÇÕES. Guia 3– BIM na quantificação, orçamentação, planejamento e gestão de serviços da construção). Disponível em: < http://www.mdic.gov.br>. Acesso 01 de agosto de maio 2019.
GOVERVO DE SANTA CATARINA. Caderno de apresentação de projetos em BIM. Disponível em: < http://www.spg.sc.gov.br/visualizar-biblioteca/acoes/comite-de-obras-publicas/427-caderno-de-projetos-bim/file >.
OrcaFascio software par engenharia. Disponível em: < https://www.orcafascio.com/>. Acesso 01 de agosto de maio 2019.
Gryfus Inteligência em engenharia de custos e software. Disponível em: < https://gryfus.com.br/volare-sisplo-bim//>. Acesso 01 de agosto de maio 2019.
Especialista em produtos e serviços na AltoQi, graduado em Engenharia de Produção Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Pós-Graduado em Instalações Elétricas e Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade do Sul de Santa Catarina, MBA em plataforma BIM – Modelagem, Planejamento e Orçamento pelo INBEC.